quarta-feira, 3 de abril de 2013

O Foco Narrativo

Se te queres matar - Fernando Pessoa


Se te queres matar

Se te queres matar, porque não te queres matar?
Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida,
Se ousasse matar-me, também me mataria...
Ah, se ousares, ousa!
De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas
A que chamamos o mundo?
A cinematografia das horas representadas
Por actores de convenções e poses determinadas,
O circo polícromo do nosso dinamismo sem fim?
De que te serve o teu mundo interior que desconheces?
Talvez, matando-te, o conheças finalmente...
Talvez, acabando, comeces...
E de qualquer forma, se te cansa seres,
Ah, cansa-te nobremente,
E não cantes, como eu, a vida por bebedeira,
Não saúdes como eu a morte em literatura!

Fazes falta? Ó sombra fútil chamada gente!
Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém...
Sem ti correrá tudo sem ti.
Talvez seja pior para outros existires que matares-te...
Talvez peses mais durando, que deixando de durar...

A mágoa dos outros?... Tens remorso adiantado
De que te chorem?
Descansa: pouco te chorarão...
O impulso vital apaga as lágrimas pouco a pouco,
Quando não são de coisas nossas,
Quando são do que acontece aos outros, sobretudo a morte,
Porque é a coisa depois da qual nada acontece aos outros...

Primeiro é a angústia, a surpresa da vinda
Do mistério e da falta da tua vida falada...
Depois o horror do caixão visível e material,
E os homens de preto que exercem a profissão de estar ali.
Depois a família a velar, inconsolável e contando anedotas,
Lamentando a pena de teres morrido,
E tu mera causa ocasional daquela carpidação,
Tu verdadeiramente morto, muito mais morto que calculas...
Muito mais morto aqui que calculas,
Mesmo que estejas muito mais vivo além...

Depois a trágica retirada para o jazigo ou a cova,
E depois o princípio da morte da tua memória.
Há primeiro em todos um alívio
Da tragédia um pouco maçadora de teres morrido...
Depois a conversa aligeira-se quotidianamente,
E a vida de todos os dias retoma o seu dia...

Depois, lentamente esqueceste.
Só és lembrado em duas datas, aniversariamente:
Quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste;
Mais nada, mais nada, absolutamente mais nada.
Duas vezes no ano pensam em ti.
Duas vezes no ano suspiram por ti os que te amaram,
E uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala em ti.

Encara-te a frio, e encara a frio o que somos...
Se queres matar-te, mata-te...
Não tenhas escrúpulos morais, receios de inteligência!...
Que escrúpulos ou receios tem a mecânica da vida?

Que escrúpulos químicos tem o impulso que gera
As seivas, e a circulação do sangue, e o amor?
Que memória dos outros tem o ritmo alegre da vida?
Ah, pobre vaidade de carne e osso chamada homem.
Não vês que não tens importância absolutamente nenhuma?

És importante para ti, porque é a ti que te sentes.
És tudo para ti, porque para ti és o universo,
E o próprio universo e os outros
Satélites da tua subjectividade objectiva.
És importante para ti porque só tu és importante para ti.
E se és assim, ó mito, não serão os outros assim?

Tens, como Hamlet, o pavor do desconhecido?
Mas o que é conhecido? O que é que tu conheces,
Para que chames desconhecido a qualquer coisa em especial?

Tens, como Falstaff, o amor gorduroso da vida?
Se assim a amas materialmente, ama-a ainda mais materialmente:
Torna-te parte carnal da terra e das coisas!
Dispersa-te, sistema físico-químico
De células nocturnamente conscientes
Pela nocturna consciência da inconsciência dos corpos,
Pelo grande cobertor não-cobrindo-nada das aparências,
Pela relva e a erva da proliferação dos seres,
Pela névoa atómica das coisas,
Pelas paredes turbilhonantes
Do vácuo dinâmico do mundo...

Álvaro de Campos

Fácil e Difícil - Carlos Drummond de Andrade

FÁCIL E DIFÍCIL Falar é completamente fácil, quando se têm palavras em mente que expressem sua opinião. Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer... Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias. Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros... Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ela deseja ouvir. Difícil é ser amigo para todas horas e dizer sempre a verdade quando for preciso... Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta. Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer. Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo lhe deixa irritado. Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece... Fácil é viver sem ter que se preocupar com o amanhã. Difícil é questionar e tentar melhorar suas atitudes impulsivas e às vezes impetuosas, a cada dia que passa... Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar. Difícil é mentir para o nosso coração... Fácil é ver o que queremos enxergar. Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto... Fácil é brincar como um tolo. Difícil é ter que ser sério... Fácil é dizer "oi", ou "como vai ?". Difícil é dizer "adeus"... Fácil é abraçar, apertar a mão. Difícil é sentir a energia que é transmitida... Fácil é querer ser amado. Difícil é amar completamente só... Fácil é ouvir a música que toca. Difícil é ouvir a sua consciência... Fácil é perguntar o que deseja saber. Difícil é estar preparado para escutar esta resposta... Fácil é querer ser o que quiser. Difícil é ter certeza do que realmente és... Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade. Difícil é sorrir com vontade de chorar (ou vice-versa)... Fácil é beijar. Difícil é entregar a alma... Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica. Difícil é ocupar o coração de alguém... Fácil é ferir quem nos ama. Difícil é tentar curar esta ferida... Fácil é ditar regras. Difícil é seguí-las... Fácil é sonhar todas as noites. Difícil é lutar por um sonho... Fácil é exibir sua vitória a todos. Difícil é assumir a sua derrota com dignidade... Fácil é admirar uma lua cheia. Difícil é enxergar sua outra face... Fácil é viver o presente. Difícil é se desvencilhar do passado... Fácil é saber que está rodeado pôr pessoas queridas. Difícil é saber que está se sentindo só no meio delas... Fácil é tropeçar em uma pedra. Difícil é levantar de uma queda, com ferimentos... Fácil é desfrutar a vida a cada dia. Difícil é dar o verdadeiro valor a ela... Fácil é rezar todas as noites. Difícil é encontrar Deus nas pequenas coisas... Carlos Drummond de Andrade

Como Analisar Narrativas

terça-feira, 2 de abril de 2013

Seminário

Galera, na próxima quarta feira acontecerá o seminário de Literatura Inglesa.
Primeira equipe a apresentar será sobre Macbeth de Shakespeare, portanto mando em anexo o link de alguns textos além da obra completa para ajudar na apresentação de vocês. Abraços

Link
.http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do

Como escrever um bom ensaio.


Como escrever um bom ensaio ?
Escrever um bom ensaio é uma arte que não pode ser aprendido em um dia. Exige muita concentração e análises que ajudarão você a desenvolver lentamente a sua experiência neste domínio. Pode ser frustrante às vezes, mas se você continuar o esforço de bom, você é obrigado a aprender a escrever um bom ensaio muito rápido. O processo de aprendizagem pode ser dividido em várias etapas que são importantes se você quiser realmente dominar a arte. Com a experiência, você vai aprender como escrever um bom ensaio e ser feliz com o seu esforço.
1. Você pode começar fazendo uma boa pesquisa sobre o tema que deseja escrever.
Há muitas fontes para fazer pesquisas. A Internet é a grande fonte que lhe dará informação ilimitada sobre qualquer assunto. Você também pode ir aos bancos de dados acadêmicos e da biblioteca. 2. Depois, você pode analisar com a mente clara o aspecto do qual você quer escrever. Você pode entender as reivindicações a favor e contra e as razões para cada um. Você pode realizar uma análise do trabalho dos ensaístas outros também. 3. Agora você pode usar suas próprias habilidades, para que possa apresentar as suas próprias ideias claras sobre o assunto. Seja lúcido em sua expressão de seus pensamentos. Se a caminhada ajuda a você, em seguida, tomar uma caminhada longa, meditando sobre os diferentes aspectos de sua redação. 4. Anote o tema central em torno do qual o seu ensaio vai girar. Em uma única frase, você deve ser capaz de resumir todo o seu ensaio. Esta é a sua tese e que irá ajudá-lo a escrever um bom ensaio. 5. Anote os pontos que você deseja incluir em seu ensaio antes de começar a escrevê-lo. Isto lhe dará uma idéia básica sobre o que você quer dizer em números diferentes. Pense na estrutura do ensaio para que haja um fluxo natural em seus pensamentos. 6. Finalmente, você pode começar a escrever sua redação. A primeira é a introdução que deve fazer o leitor sente-se. Ele deve recuperar-se o interesse do leitor e instá-lo a ler. A introdução deve preparar o cenário para o tema principal do ensaio.
7. Geralmente, o ensaio inteiro é dividido em vários parágrafos em que cada número gira em torno de um único aspecto. Introduzir cada parágrafo com frases tópico e tentar expressar o seu afirmações claramente com evidências. Tente escrever o ensaio em um estilo de conversação para que o leitor se sente como se estivesse dirigindo a ele. 8. A conclusão é também importante, onde você pode acabar com uma frase que fará com que o leitor lembre-se o ensaio por um longo tempo. Pode haver uma chamada para sentença de ação para que o leitor sente-se responsável o suficiente para fazer alguma coisa. 9. Lembre-se de manter o formato correto do ensaio. Você pode incluir detalhes de suas fontes também. 10. Não deve haver erros gramaticais em seu ensaio. O fluxo do ensaio deve ser muito natural, sem margem para erros.
Depois de ter escrito o ensaio, pode se orgulhar de seu trabalho. E este será apenas o início de um grande futuro, onde você pode escrever muitos ensaios desse tipo.